O projeto de retomada do fenômeno Avenida Brasil (2012) começa a tomar forma nos bastidores da Globo, colocando a icônica vilã Carminha, vivida por Adriana Esteves, no centro de um novo conflito dramático. A continuação da história partirá de um momento de ruptura: a personagem decide abandonar definitivamente a vida no lixão. Após a morte de Mãe Lucinda (Vera Holtz), ela percebe que, apesar de ter assumido a liderança das crianças do local, aquele ambiente de miséria não é o seu lugar.
De acordo com a colunista Carla Bittencourt, do portal Leo Dias, essa insatisfação será o motor para que Carminha trace um plano para recuperar seu antigo status. A narrativa de Avenida Brasil 2 investirá pesado no suspense sobre as reais motivações da loira: o público ficará em dúvida se ela busca redenção, se ainda nutre amor por Tufão (Murilo Benício) ou se está movida puramente pela ambição e desejo de vingança. Essa ambiguidade será a chave para prender a atenção do telespectador logo no início.
Para concretizar seu retorno à elite do bairro do Divino, a antagonista utilizará uma tática semelhante à usada por Nina (Débora Falabella) no passado: comer pelas beiradas. O elo de ligação será Ágata (Karol Lannes), sua filha rejeitada na trama original. A jovem, que passou anos morando fora do Brasil, volta ao país decidida a se reaproximar da mãe, criando a oportunidade perfeita para Carminha se infiltrar novamente no convívio familiar.
A estratégia da vilã consistirá em explorar a fragilidade emocional desse reencontro para quebrar as barreiras de Tufão e de sua família. O ex-jogador, que refez sua vida após os eventos de 2012, se verá novamente envolvido na teia da ex-mulher, sem saber ao certo quais são as intenções dela ao usar a própria filha como ponte para essa reaproximação.
Além dos dramas pessoais, a nova fase de Avenida Brasil trará um pano de fundo social atualizado, dialogando com a realidade econômica do país. A novela pretende mostrar o que aconteceu com as famílias e os negócios que ascenderam durante o boom da “nova classe C” entre 2010 e 2012, e como esses personagens enfrentaram as crises econômicas posteriores a 2016, investigando quem conseguiu se reinventar e quem perdeu tudo.
O retorno da trama promete reviver o território onde a obra de João Emanuel Carneiro sempre se destacou: o embate entre culpa, dinheiro e sentimentos contraditórios. Com Carminha dividida entre a persona que fingiu ser e a mulher que se tornou no lixão, a sequência aposta na nostalgia e na curiosidade do público para entender onde a vilã mais amada do Brasil se encaixa nesse novo tabuleiro social.


